Através da leitura do ''Manifesto Contra-Sexual'', do filósofo Paul B. Preciado, desenvolvo três possíveis marcos da sexualidade e genitália não cis-heteronormativa, podendo ser vistos não só como próteses, como a representação da linha ténue (e muitas das vezes não existente) entre a expressão dos dois géneros biológicos, explorando as várias possibilidades de relacionamento entre o lugar dos genitais na sociedade, no espaço familiar e íntimo.

​

''Tal como mostraram os casos de reatribuição do sexo feminino a recém nascidos geneticamente ''masculinos'' sem pénis ou dotados de um pénis excessivamente pequeno, a verdade do sexo recém nascido decide-se em função da adequação a critérios heterossociais normativos, segundo os quais a produção  de um «indivíduo capaz de ter relações [heterossexuais] genitais»....''.

​

Há uma semelhança inerente aos genitais masculinos e femininos (o canal vaginal relaxado parece-se com um escroto). O facto de haver pequenas distorções dos genitais binários não quer necessariamente dizer que essas mesmas ''distorções'' sejam defeituosas, pois só o são através do olhar cis-heteronormativo. 

  

O uso dos ''pedestais'' são fruto da metáfora de força e poder dado a um pénis erecto, enquanto que as figuras que estes suportam são retiradas através da genitália feminina - a mesma que tantas vezes foi atribuída a genitais que, apesar dos cromossomas do indivíduo, não desempenhassem uma função sexual masculina na sua totalidade. 

Estas três peças são guardadas/transportadas num saco com impressões de conteúdo sexual, onde se pode ler a frase ''FOR HOW LONG CAN WE HOLD THE FICTION OF OUR CIVILISED SELVES?'